Por que escrevemos?

Olá você! Que muito provavelmente é tão viciado em escrever quanto eu…

Mas não em escrever qualquer coisa é claro! Estou falando das palavras fluidas, das frases inconfundíveis, dos textos envolvente, e das histórias épica que transbordam da mente e do coração das pessoas, que têm significados tão profundos que as vezes nem mesmo quem as escreve é capaz de compreender sua grandeza. Algo tão visceral que precisamos retirar de dentro de nós para que não se perca na vastidão de nossa mente, e que se mantenha viva mais tempo que nós. Mas afinal porque é que as palavras são tão inebriantes? Por que temos essa necessidade quase compulsiva de escrever?

Acredito que essa é uma pergunta complexa demais para ser explicada de uma única forma, afinal somos bilhões de pessoas no mundo e todas tem sua própria relação com a escrita baseada em sua personalidade, história de vida, contexto social e cultural. A partir disso cheguei a conclusão que seria um enorme e colossal erro dar uma resposta por todas as pessoas, então darei apenas o meu ponto de vista, baseado em todas as informações que recolhi através de observação, pesquisas e minha própria experiência, e espero que de alguma forma possa se identificar.

A dois motivos primordiais pelos quais as pessoas escrevem, sendo eles: Comunicação e Expressão. Cada uma desses dois motivos se dividem em incontáveis ramificações que dão propósito ao ato de escrever, então é extremamente necessário entendê-los.

Dentro deste contexto a Comunicação é a maneira que um escritor encontra de transmitir uma mensagem, e em algumas variantes têm o propósito de estabelecer um diálogo. Essa forma de escrita pode ser algo passageiro e sem importância ou profundo e tão valioso que foram escritas para ser mantidas à disposição. As cartas e mensagens de texto, são os exemplos mais comuns, através deles falamos de sentimentos, ideias, pensamentos e notícias sem estarmos presentes. Através de uma ramificação muito importante da Comunicação se transmite a informação. Que de maneira simples nada mais é do que o conhecimento sobre algo (podendo ser específico ou não), um exemplo disso são os jornais, revistas e livros didáticos. Transmitir uma ideia ou uma informação é ao meu ver a maneira mais básica de escrita pois não há individualidade, a expressão de sentimentos como comunicado é apenas um fato, algo corriqueiro e comum.

Mas na realidade isso não a diminui ou empobrece, pois ela foi o inicio de tudo. Nos tempos antigos a escrita tinha o propósito de preservar as informações mais valiosas que tínhamos e mantê-las a salvo para a posteridade. A Comunicação através da escrita foi algo tão necessário para a evolução que acabamos por nos ligar a ela, que mesmo com toda a tecnologia que desenvolvemos, ainda assim não fomos capazes (e talvez jamais seremos) de desenvolver um substituto tão eficiente.

Para nós viciados em palavras, o sentimento de satisfação que temos ao agrupar sentimentos, informações e ideias em um texto é incomparável e muito maior do que se estivéssemos gravando um vídeo ou áudio, pois foi a primeira forma de organizar todas essas coisas fora de nossa cabeça, e todos sabem que o sentimento de nostalgia é um dos mais saborosos.

E isso nos leva até a Expressão! Como seres humanos, nos expressamos em cada ato do dia-a-dia, desde de como nos portamos, falamos e vestimos. Escrever é apenas uma extensão. A única diferença é que se expressar através da escrita é algo mais íntimo e profundo, e pode ser mesclado e trabalhado como argila e se molda de acordo com o que fazemos a ela. Não é como uma camiseta que não importa o quanto você a customizar, terá um limite, pois afinal é só uma camiseta, a escrita pode ser o que quiser que ela seja, pode trabalhar nela o quanto quiser, sem que ela se desgaste ou estrague, pois se mudar de ideia só precisa recomeçar, afinal a imaginação é o limite, não concorda?

A prova mais incontestável a favor do meu argumento é o que eu chamo de tronco principal da escrita de expressão: A ficção! Dentro dessa ramificação temos a poesia, a literatura fantástica, as peças de teatro e qualquer outra variante que surgiu através da criatividade de seu criador, a imaginação é uma das coisas mais íntimas que possuímos, pois é algo único, impossível ser de copiado ou imitado. Você pode até conseguir imitar o estilo de escrita de alguém, mais jamais será capaz de imitar sua imaginação, pois é a maneira mais profunda e inconsciente de expressão, é de onde surge nossos maiores sonhos e piores pesadelos.

E juntando esses dois motivos primordiais estou segura em afirmar, que escrevemos pois é uma parte nossa, uma maneira que encontramos de absorver o mundo a nossa volta, decidir como interpretá-lo e então exteriorizá-lo novamente através das palavras. Por isso é algo tão viciante, porque ele é o nosso filtro entre o que sabemos e o que sentimos. Escrever não apenas ajuda a pensar, mas a interpretar e a entender tudo, quem nós somos, porque pensamos de determinado modo, porque agimos como agimos. Cada vez que escrevemos seja o que for, descobrimos e afirmamos quem somos. E para mim esse é o motivo pelo qual escrever é tão inebriante, mágico e viciante.